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Pragas urbanas que infestam alimentos industrializados

Sabe quando você abre o seu armário e pega aquele pacote de farinha de trigo aberto e se dá conta de que está cheio de bichinhos? Isso também é muito comum de acontecer nos pacotes de arroz, macarrão, feijão, achocolatado, etc., pois é existe uma variedade imensa de pragas que infestam grãos em seu processo de armazenagem e também os produtos já processados.

Alguns alimentos comprados a granel, como farinhas, farelos, chás, produtos desidratados, ervas, condimentos e rações para pets também correm risco de risco de já estarem infestados no ato da compra.

Fonte: Food Safety Brazil

As pragas dos produtos armazenados se dividem em:

Pragas Primárias: São as que atacam grãos e sementes sadias, estas podem ser externas ou internas. As internas perfuram e penetram nos grãos e sementes para completar seu desenvolvimento, se alimentando de todo o interior dos mesmos. As externas destroem todo o exterior do grão ou semente (casca), após isto elas se alimentam da parte interna.

Pragas Secundárias: Essas pragas não conseguem penetrar em grãos e sementes sadios, causando menos prejuízos na área de armazenamento, porém podem causar danos maiores que as pragas primárias, uma vez que elas podem danificar os alimentos já processados.

Até o momento da comercialização dos alimentos, eles passam por uma cadeia de transporte, armazenamento e comercialização. Segundo pesquisadores a infestação pode ocorrer desde o momento da colheita até a chegada ao consumidor final, visto que muitas vezes a matéria prima utilizada para fabricação já vem infestada com ovos e pupas. Em alguns casos o produto pode ser infestado ao ser estocado pelo consumidor em uma despensa com um produto já infestado, o que chamamos de infestação cruzada.

As espécies mais comuns em alimentos processados são da ordem Coleoptera e Lepdoptera, abaixo estão listadas algumas espécies de importância nesse grupo:

Lasioderma serricorne : Pertencente a  ordem Coleoptera, mede de 2-3 mm e as fêmeas são maiores que os machos. O corpo é de coloração castanho-avermelhado, com formato ovalado e recoberto de cerdas claras e finas.

O ciclo de vida é variável de acordo com as condições de temperatura e umidade do ambiente, podendo ser de 30-90 dias. Estes insetos possuem metamorfose completa (ovo-larva-pupa-adulto). Geralmente as fêmeas depositam em torno de 100 ovos que em temperaturas de 35 °C eclodem após 5-6 dias. As larvas são móveis e nos primeiros dias se alimentam da casca do ovo, a larva passa por quatro instares de desenvolvimento. A fase de pupa dura cerca de 9 dias. Os adultos voam bastante, são atraídos pela luz, têm vida curta e não se alimentam.

Tanto as larvas quanto os adultos podem atacar produtos armazenados, incluindo produtos já embalados, logo após o ataque o produto é contaminado com corpos de insetos mortos, fezes e restos dos casulos pupais.

Nos produtos processados esse inseto é comum em biscoitos, massas, barras de cereais e produtos de panificação.

Fonte: Agro Link

Tribolium castaneum: Pertencente a ordem Coleoptera, é um besouro que mede 4 mm. O corpo é achatado, de coloração castanho-avermelhada, possui duas depressões transversais na cabeça e pronoto retangular.

Ocorrem com maior frequência em locais quentes e úmidos.

Possuem metamorfose completa (ovo-larva-pupa-adulto). A fêmeas depositam em torno de 450 ovos de forma aleatória sobre os produtos. As larvas são móveis e preferem se alimentar dos embriões dos cereais e de resíduos, elas passam por 6-8 instares de desenvolvimento. Os adultos podem sobreviver até 4 anos e voam ativamente durante a vida. Essa espécie tem uma rápida movimentação sobre os produtos.

Sua alimentação causam danos aos produtos, além da contaminação devido a resíduos de insetos mortos, fezes e peles. Estes besouros emitem um odor desagradável e podem propiciar o surgimento de mofo nos alimentos.

Nos alimentos processados o Tribolium castaneumn é mais comum em cereais moídos, rações, fubá, farinhas e grãos quebrados.

Fonte: Agro Link

Sithophilus oryzae: Pertencente a ordem Coleoptera, considerado a principal praga de grãos armazenados e produtos acabados. Mede de 2-3,5 mm, apresentam coloração brilhante castanho-escuro, com quatro manchas claras nos élitros, possuem cabeça prolongada para frente com rostro recurvado, onde se encontra o aparelho bucal do tipo mastigador bem desenvolvido, com a finalidade de abrir pequenos orifícios nos alimentos para depositarem seus ovos, as mandíbulas secretam uma substância gelatinosa utilizada para fechar a cavidade.

O ciclo de vida dessa espécie é completo (ovo-larva-pupa-adulto). Uma fêmea pode colocar até 300 ovos. As larvas são imóveis e se alimentam dentro do próprio produto atacado, alimentam-se vorazmente, por 15-18 dias. As larvas passam por quatro instares de desenvolvimento. A fase de pupa dura de 4-6 dias e também acontece dentro do produto acabado. Quando completa o ciclo o adulto cava a saída, deixando um orifício característico, voa ativamente e pode viver até 6 meses.

Nos alimentos industrializados é mais comum em cereais como milho, arroz, trigo, massas, biscoitos, barra de cereais e outros.

Fonte: Wikipedia

Plodia interpunctella: Insetos pertencentes a ordem Lepidoptera, popularmente chamada de mariposa ou traça-dos-cereais. Possuem cabeça e tórax de coloração pardo-avermelhados, asas anteriores com dois traços distais avermelhados e o terço basal acinzentado. Medem de 18-20 mm.

O ciclo de vida dessa espécie é completo (ovo-larva-pupa-adulto). Os ovos são depositados aleatoriamente sobre os produtos, cada fêmea pode colocar até 400 ovos. As larvas apresentam coloração branca, podendo ser, rosadas, marrons, esverdeadas, essa variação de coloração depende dos hábitos alimentares. As larvas movimentam-se superficialmente, produzem teias e se alimentam preferencialmente de embriões, durante essa fase acumulam peles, fezes e casca de ovos nos produtos atacados. As pupas se formam dentro e fora do produto acabado. Os adultos vivem de 5-13 dias, não se alimentam e possuem hábitos noturnos.

Uma das características mais marcantes nessa espécie é a alta produção de seda durante a fase de larva, um pouco antes de se transformar em pupa, tão marcante que nos ajuda a identificar a infestação.

Fonte: Defesa Vegetal
Monitoramento e Controle das Pragas de Grãos Armazenados

O monitoramento é sempre a parte mais importante do Controle de Pragas, através dele conseguimos minimizar o uso de inseticidas e adotar medidas preventivas eficientes para o controle da infestação.

É sempre bom observar os pontos de venda de produtos a granel e industrializados, os fatores a serem observados na hora da compra envolvem, as condições de armazenamento, manipulação, higiene do local, conservação das instalações, presença de insetos voando e fios de seda em prateleiras.

A boa higiene deve ser sempre mantida nos locais de armazenamento. Os restos de produtos infestados devem ser removidos antes de realizar novos armazenamentos.

Na área profissional de Controle de Pragas já existem ferramentas que auxiliam no monitoramento, como as Armadilhas de feromônio, ela nos permite monitorar o nível de infestação e as espécies infestantes, com base nisso pode-se aplicar os controles possíveis e necessários para o controle da infestação. Outra ferramenta é a Armadilha Luminosa, que mesmo não sendo um equipamento específico e com ação limitada, pode nos permitir durante a análise das placas adesivas, a verificação de presença de pragas de grãos.

É importante destacar que nesse caso o monitoramento mais eficiente é o visual, realizado por um técnico devidamente treinado, esse monitoramento deve ser feito no ambiente e nos produtos.

Aliado ao monitoramento, o tratamento químico deve ser realizado no ambiente com o intuito de eliminar os focos de infestação. É de extrema importância respeitar a biologia das pragas nessa etapa, considerando a espécie infestante e o seu ciclo de vida. O inseticida utilizado deve ter registro na ANVISA, deve ter uma ação eficaz, ter baixa toxicicidade ao homem e ao meio ambiente, deve ter uma atividade residual necessária.

Estima-se que no Brasil 10% do que é produzido é perdido durante o processo de armazenamento dos grãos. As indústrias alimentícias têm realizado uma rigorosa análise nas cargas recebidas e têm até negado estas quando constatada a presença de insetos vivos ou mortos. Os países importadores cada vez mais têm exigido os requisitos fitossanitários, atestando assim que o produto encontra-se livres de pragas.

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